A sustentabilidade é um tema recorrente no Mercado Livre de Energia. E o aumento na emissão de certificado de biodiversidade em 2020 confirma esse crescimento. Conheça mais sobre o cenário atual e a projeção para a utilização de fontes renováveis diversas no futuro
Em agosto de 2020, foi divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que 31% de toda energia elétrica consumida no país foi gerada por players que fazem parte do Mercado Livre de Energia. Tal constatação traz duas coisas claras: o primeiro é o crescimento deste segmento em todo território nacional; em segundo a crescente responsabilidade das geradoras e comercializadoras de energia com o meio-ambiente. E é exatamente neste contexto que entra o certificado de biodiversidade. Ele traz justamente o reconhecimento de comercializadoras e consumidores do Mercado Livre de Energia que contribuem com o meio-ambiente com o uso de fontes renováveis diversas.
A previsão da CCEE é que o modelo de contratação deve crescer ainda mais nos próximos anos. O motivo é a abertura de mercado, tema este um dos principais quando o debate é a modernização do setor. Ou seja, este tipo de constatação vai ao encontro da mentalidade e empresas e geradoras de energia. Afinal, elas entendem a importância do cuidado com o meio-ambiente.
É nesse retrato que hoje, a preocupação por questões ambientais se tornara a tônica da realidade que permeia o setor. Logo, para um player do Mercado Livre de Energia ser considerado correto, ele precisa não só colocar em prática esse pensamento em suas atitudes, mas também atestá-lo por intermédio do certificado de biodiversidade.
Qual é o cenário atual do certificado de biodiversidade?
Antes de mais nada, Uma empresa que nega o tema de sustentabilidade chega a ser uma “heresia”. Dentro do Mercado Livre de Energia essa postura é menos aceita. Afinal, a busca pelo consumo responsável e sustentável das cadeias de valor dos setores econômicos fizeram com que as comercializadoras de energia elétrica ampliassem seu foco e portfólio de fontes que sejam renováveis e com baixa pegada de carbono.
O certificado de biodiversidade (ou selo verde) está presente desde 2015 para reconhecer quais comercializadoras ou consumidores fazem contratações de bioeletricidade – a biomassa de cana-de-açúcar gera este tipo de energia. Isso é importante porque esse tipo de fonte gera uma energia neutra em emissões de gás carbônico, o que favorece o meio-ambiente.
Sendo assim, foi neste contexto que o certificado de biodiversidade cresceu de forma exponencial no Mercado Livre de Energia. Este cenário vem se tornando cada vez maior: até outubro de 2020, 21 comercializadoras de energia elétrica receberam o certificado de biodiversidade. Como resultado, desde quando o certificado entrou em circulação em território nacional, esse é o maior número de comercializadoras certificadas
Em síntese, os 21 certificados emitidos neste ano foram todos emitidos pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), no âmbito do Programa de Certificação da Bioeletricidade, idealizado pela UNICA tudo em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e com o apoio da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
A união de todos estes órgãos apenas evidencia a seriedade do critério de se tirar este certificado. No entanto, também mostra a seriedade dele no mercado para o meio-ambiente.
O que o crescimento de certificados revela sobre o mercado
De acordo com Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, este crescimento de certificados revela grandes avanços. Ele mostra o quanto a sociedade brasileira demonstra preocupação com a sustentabilidade. Por outro lado, também informa como o setor elétrico tem ampliado sua contribuição com a diversidade de fontes renováveis.
“A bioeletricidade traz benefícios econômicos e ambientais, atributos importantes para o futuro”, comenta Talita.
Ainda segundo dados fornecidos pela CCEE, além das 21 comercializadoras detentoras do certificado de biodiversidade este ano, por outro lado, dois consumidores ainda obtiveram o reconhecimento do selo energia verde. Por fim, 83 usinas de biomassa de cana foram certificadas por produzirem energia elétrica renovável com critérios de eficiência energética.
Para Evandro Gussi, presidente da UNICA, em resumo, é perceptível o esforço de todos os envolvidos no mercado. A ideia é traduzir a busca pelo consumo responsável e neutralidade de emissões em ações práticas. “Ao experimentarmos uma crise mundial como a pandemia, entendemos a gravidade do que enfrentaremos caso uma segunda crise, a causada pelo aquecimento global, não seja evitada. O momento de agir é agora”, afirma.
Potencial elétrico e projeções futuras
Em síntese, as informações cedidas pela UNICA informam que durante todo ano de 2020, as 83 usinas certificadas devem produzir juntas quase 20 mil GWh. Isso equivale a 12% do consumo anual industrial de energia elétrica no Brasil. Ou seja, no Estado de São Paulo, esse número representa a metade do consumo anual das residências.
Sendo assim, a previsão é que a energia elétrica proveniente dessas fontes biodiversas evitará a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Somente com o cultivo de 46 milhões de árvores nativas durante 20 anos essa marca poderia ser atingida.
No entanto, o potencial deste tipo de fonte está longe de seu potencial de geração. Afinal, as indústrias sucroenergéticas e canaviais para geração de eletricidade tem apenas 11% da biomassa aproveitada. Ainda dentro deste contexto, em síntese, estão as novas fontes como o biogás com subprodutos da fabricação do açúcar e do etanol.
Por fim, a importância de se utilizar a plena capacidade de produção de fontes biodiversas passa justamente pelas vantagens. São elas:
- Complementariedade com a fonte hidroelétrica, justamente pela geração acontecer nos períodos de seca.
- Pela geração ocorrer próxima aos grandes centros consumidores, existe redução de perdas de transporte e de investimentos em transmissão.
- Cadeia produtiva nacional consolidada com geração de empregos regionais e de qualidade.
- Ampliação da confiabilidade ao sistema por ser uma fonte considerada não intermitente.
Mas afinal, o que podemos concluir com o certificado de biodiversidade?
No decorrer da evolução humana, em resumo, as alternativas que nossa raça encontrou no decorrer da história nos trouxe até aqui. E quando o assunto é nossa relação com o meio-ambiente, essa trajetória se torna ainda mais evidente.
Sendo assim, o certificado de biodiversidade atesta exatamente este tipo de relação entre homem e meio-ambiente. Ou seja, ele reconhece o esforço de consumidores e comercializadoras em contribuir para um mundo melhor. E que os certificados sejam mais e mais emitidos. Afinal, atestar nossa procura por alternativas para cuidar da Terra é uma chance de agradecê-la pela chance de cultivarmos vida.